Cada uma das participantes forneceu significativas para o conhecimento de todos que as ouviram, pois apresentaram novas formas de enxergar a mulher. Boas discussões foram desencadeadas pelas convidadas, mas três delas, particularmente, me chamaram a atenção, sobre as quais dissertarei brevemente.
Luiza Maia ressaltou a dificuldade que as mulheres enfrentam para alçar a voz entre os homens no âmbito político, visto que muitos partidos apenas deixam que as mulheres participem deles apenas para completar a taxa obrigatória de pessoas do sexo feminino dentro dele; também disse sobre como é distinta a forma que as pessoas utilizam para falar da sexualidade masculina e da feminina, como se a masculina pudesse ser explorada em detrimento da feminina. Luíza faz palestras em escolas sobre a importância da sexualidade e demonstrou ser aberta em relação ao assunto.
Outra participante admirável foi Paulete Furacão, que expôs as dificuldades vividas pelos travestis e transsexuais, que, por não terem apoio da família, vêem a prostituição como única saída. Ainda assim, Paulete não descredibilizou essa profissão, e foi prudente ao afirmar que cada um tem suas próprias escolhas, mas que a problemática era: travestis e transsexuais não possuem escolha, a forma como a sociedade os vê a impossibilita de fornecer boas oportunidades, afinal o preconceito é intenso. Várias vezes no debate a seguinte frase foi dita por ela: Não queremos ser melhores que os outros, queremos apenas ser inseridos na sociedade.
Outra mulher de presença ilustre foi Makota Valdino, que demonstrou ser divertida, mas atacou com palavras a exaltação do "feminino"; alegou que as mulheres de antigamente tinham profissões pequenas, eram doceiras, lavadeiras, etc, e sabiam educar seus filhos, atender a comunidade e manter a dignidade da família, e hoje em dia as mulheres têm grandes profissões, mas possuem grande dificuldade em aprimorar a educação de seus filhos, fazer com que eles lhes respeitem e não conseguem manter a família unida. Makota citou o candomblé como palco de transições, comentou que há o verdadeiro e tradicional candomblé, mas admitiu que atualmente as pessoas querem mudar tudo nele, incluir detalhes e incluir ideias; Makota alfinetou Paulete ao falar: "não venha um homem porque é gay, vir de sainha rebolar no meu terreiro, o que vale no meu terreiro é o que a pessoa é, se nasceu homem fica como homem, se nasceu mulher fica como mulher, e não venha uma mulher lésbica no meu terreiro dançar de calça jeans não, que não vou deixar." Logo após disse não ter nada contra os homossexuais, apenas queria respeito em seu terreiro, em seu espaço.
Todos os comentários foram pertinentes, também foi citada a condição das prostitutas e a necessidade de desconstrução do preconceito e da hipocrisia das pessoas em relação ao sexo e à sexualidade. O debate foi ótimo e espero que ocorram mais sobre o tema, quem sabe no futuro!
| Mediador do debate (no centro) e as convidadas, da esquerda para a direita: Makota Valdino, Paulete Furacão, Eliana Rollemberg e Fernanda Alves. |
| Jamilly Barreto (eu), Paulete Furacão e Ivana Lins |
| Cartaz na entrada da Biblioteca |
| Grupo Tapuia, que se apresentou no fim do evento
Postado por: Jamilly Barreto
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