sexta-feira, 25 de abril de 2014

Os Bibliotecários estão completamente obsoletos? Parte 1



33 razões por que as bibliotecas e bibliotecários ainda se mantêm extremamente importantes.


 
Artigo de Will Sherman
 
Tradução colaborativa de: Moreno Barros, Isadora Garrido, Fabíola Pinudo, Sibele Fausto, Viviane Neves, Polyanha Hudson, Aline Gonçalves, Gustavo Henn.

Fonte: http://extralibris.org/2009/10/bibliotecarios-obsoletos-importancia-bibliotecas/

Muitos acreditam que a era digital irá acabar com as estantes públicas e extinguir permanentemente a era centenária das bibliotecas. A desconcertante proeza e progresso da tecnologia fizeram até um bibliotecário prever a queda da instituição, Ele pode estar certo. Porém, se estiver, então a perda será irreparável. Conforme a relevância das bibliotecas entra em questão, elas encaram uma crise existencial em uma época onde elas talvez sejam mais necessárias. Apesar de sua percebida obsolescência em uma era digital, tanto bibliotecas – quanto bibliotecários – são insubstituíveis por várias razões. 33, de fato. Nós as listamos aqui:


1. Nem tudo está disponível na Internet.

O incrível volume de informação útil na Web tem, para alguns, engendrado a falsa premissa de que tudo pode ser encontrado online. Isso simplesmente não é verdade. O Google Book Search reconhece isso. Por isso eles tomaram a tarefa monolítica de digitalizar milhões de livros das maiores bibliotecas do mundo. No entanto, mesmo que o Google consiga com sucesso digitalizar toda a soma dos conhecimentos humanos ela é diferente da soma dos autores e editores contemporâneos que não permitem que suas obras sejam gratuitamente acessíveis na Internet. Já é proibido por lei disponibilizar livremente no Google Book Search os livros com direitos autorais vigentes; apenas partes. E levará muito tempo antes que o bestseller recomendado pelo New York Times seja disponibilizado gratuitamente na Internet: as leis de direitos autorais atuais protegem as obras por 70 anos após a morte do autor. Mesmo algumas obras sob domínio público sofrem algumas restrições. Se uma cópia sem copyright incluir prefácio, introdução ou apêndices que ainda estejam sob copyright, a obra toda fica sob o status de copyright.

2. Bibliotecas digitais não são a Internet.

Um entendimento fundamental do que a Internet é – e do que ela não é – pode ajudar mais claramente a definir o que uma biblioteca é e por que bibliotecas ainda são extremamente importantes. A Elmer E. Rasmuson Library da Universidade do Alaska em Fairbanks deixou clara a diferença entre “Coleções Online” e “Fontes Web”. A Internet, seu site explica, é uma massa larga de materiais não publicados produzidos por organizações, empresas, indivíduos, projetos experimentais, webmasters, etc. “Coleções Online”, todavia, são diferentes. São tipicamente oferecidas por bibliotecas e incluem materiais que foram publicados por meio de rigoroso processo editorial. Trabalhos selecionados para inclusão em um catálogo de bibliotecas passaram pelo veto de uma equipe qualificada. Os tipos de materiais incluem livros, periódicos, documentos, jornais, revistas e relatórios que foram digitalizados, armazenados e indexados em uma base de dados de acesso limitado. Mesmo que alguém use a Internet ou um motor de busca para encontrar estas bases de dados, o acesso mais avançado requer registro. Você ainda está online, mas não vai muito lontg na Internet. Você está em uma biblioteca.

3. A internet não é livre.

Embora o Projeto Gutenberg alardeie 20.000 e-books para download gratuito em sua homepage, somos imediatamente lembrados que esses livros são acessíveis apenas porque eles não estão mais sob direitos autorais. E os livros são apenas a ponta do iceberg. Numerosos trabalhos de pesquisa acadêmica, revistas e outros materiais importantes são praticamente inacessíveis para alguém tentar obtê-los de graça na web. Em vez disso, o acesso é restrito a assinaturas caras, que são normalmente pagas por bibliotecas. Visitar a biblioteca, pessoalmente, ou acessar a biblioteca por meio de sua conta de membro, é, portanto, a única maneira de se obter acesso a recursos documentais essenciais.

4. A internet complementa as bibliotecas, mas não as substitui.

Para orientar as pessoas a achar informação, a Universidade de Long Island fornece uma explicação útil de quais tipos de recursos podem ser acessados por meio da biblioteca. Estes incluem notícias, periódicos, livros e outros recursos. Curiosamente, a World Wide Web está entre estes recursos como mais um meio para encontrar informações. Mas não é uma substituta. A página diferencia e explica as vantagens das bibliotecas em relação à busca pela internet. Cita os benefícios da internet, includindo “amostras de opinião pública”, uma coletânea de “fatos rápidos” e “uma ampla gama de idéias”. De forma geral, o ponto é bem correto: bibliotecas são instituições completamente diferentes da web. Sob essa ótica, falar sobre uma substituindo a outra começa a parecer absurdo.

5. Bibliotecas escolares e bibliotecários melhoram as pontuações médias dos estudantes em testes.

Um estudo de 2005 das Bibliotecas Escolares do Illinois mostra que os estudantes que visitam frequentemente bibliotecas escolares com acervos bem abastecidos e com boa equipe terminam com pontuações mais altas em testes ACT e um melhor desempenho em exames de leitura e escrita.
Interessantemente, o estudo aponta que a tecnologia de acesso digital desempenha um papel importante nos resultados dos testes, observando que “escolas com computadores que se conectam aos catálogos de bibliotecas e bases de dados obtêm uma média de 6,2% de melhora nas pontuações de testes ACT”.

6. Digitalização não significa destruição.

A avidez com que as bibliotecas investiram na parceria com o Google Book Search não é o trabalho de uma mentalidade impulsiva. Bibliotecas incluindo a Universidade de Oxford, da Universidade de Michigan, Harvard, da Universidade Complutense de Madri, a Biblioteca Pública de Nova York, a Universidade do Texas, da Universidade da Califórnia e muitos outros se uniram ao projeto do Google, em vez de evitá-lo. Na abertura de seus acervos, essas bibliotecas terão todos os seus livros eletronicamente disponíveis para seus usuários. Embora se possa esperar que livros sem direitos autorais, que em muitas ocasiões são totalmente disponíveis ao público, os materiais protegidos por direitos autorais – incluindo assinaturas de periódicos – ainda serão mantidos sob acesso restrito. A razão para isto é, em parte, porque as cláusulas indenizatórias do Google Book Search não chegam muito longe; o Google Book Search não isenta as bibliotecas de qualquer responsabilidade que possa incorrer caso elas ultrapassem os limites do direito autoral. E há uma causa real para esta cautela – o Google Book Search está enfrentando atualmente dois processos importantes de autores e editores.

7. Na verdade, digitalização significa sobrevivência.

Daniel Greenstein da Universidade da Califórnia cita uma razão prática para a digitalização de livros: em formato eletrônico os livros não estão vulneráveis aos disastres naturais ou à “pulverização” causada pelo tempo. Ele ainda cita a destruição de bibliotecas pelo furacão Katrina como um importante lembrete da vulnerabilidade da “memória cultural”.

Continua... 

Postado por Felipe Guimarães



Campanha Eu Quero Minha Biblioteca



Instituto Ecofuturo relança campanha Eu Quero Minha Biblioteca, em defesa da biblioteca dentro da escola


Dados do Censo Escolar mostram que 66,3% da escolas brasileiras, públicas e privadas, não tinham, em 2011, biblioteca. O levantamento, que considerou todos os tipos de ensino, incluindo educação profissionalizante e especial, também revelou que as instituições que atendiam crianças na educação infantil (antiga pré-escola) e no ensino fundamental (1.º ao 9.º ano) eram as que tinham menos bibliotecas. Naquele ano, apenas 26,7% das escolas de educação infantil e 35,7% das de ensino fundamental possuíam tal equipamento.

Os números, compilados pelo Movimento Todos Pela Educação na época em que foram divulgados, estão um pouco desatualizados, mas dão a dimensão do problema. Em 2011, pouco mais de 1/4 das escolas do Brasil que atendiam crianças de até 6 anos tinham biblioteca. No ensino fundamental, a situação é um pouquinho melhor, mas também dramática. Justamente no período em que as crianças estão abertas para a leitura, elas têm pouco acesso aos livros e às atividades que hoje as boas bibliotecas proporcionam. E crianças e adolescentes que não leem dificilmente se transformam em adultos leitores. Pesquisa divulgada pelo Instituto Pró-Livro em 2011 apontava que, entre os 190,7 milhões de habitantes do Brasil (IBGE), apenas 71,9 milhões eram considerados leitores, isto é, tinham lido nos últimos três meses um livro inteiro ou apenas fragmentos dele.

Na luta contra este quadro, o Instituto Ecofuturo acaba de relançar a campanha Eu Quero Minha Biblioteca. O objetivo é fazer valer a Lei 12.244/10, que determina que todas as escolas públicas e privadas do País tenham ao menos uma biblioteca, com, no mínimo, um título para cada aluno matriculado. O prazo para que a lei seja cumprida é 2020 – dez anos contatos a partir de sua assinatura.



Crédito da foto: Washington Alves/Agência Estado

“Criamos uma campanha mais inspiradora para mobilizar a população em torno do tema. Quase 90% dos municípios brasileiros não têm livraria e contam com pouquíssimas bibliotecas públicas. Precisamos compartilhar o valor da biblioteca, que deveria ser um importante lugar de leitura e de encontros entre autores e leitores”, afirma Christiane Castilho Fontelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo.
No site Eu Quero Minha Biblioteca há uma espaço para o cidadão informar o município e a escola que precisam de uma biblioteca pública. A ideia é mapear a demanda no Brasil. O site ajuda na mobilização da escola e da comunidade e mostra o papel do diretor da instituição e da Secretaria Municipal de Educação na obtenção de recursos junto ao governo federal. “Falamos muito em educação, mas pouco em bibliotecas. O Brasil precisa entender o valor social da biblioteca. E estamos em um ano estratégico por causa das eleições”, defende Christiane.

No site, o Ecofuturo lista os bons motivos para se ter uma biblioteca na escola: é o principal meio de acesso gratuito ao livro de literatura; é grande amiga do projeto pedagógico da escola; causa impacto positivo no rendimento escolar; aumenta o nível de proficiência em leitura; fortalece a habilidade de escrita e argumentação; proporciona a leitura de literatura, favorecendo o desenvolvimento de competências atitudinais, como aprender a aprender, cooperação, solidariedade, cuidado, tolerância e criatividade; incrementa a capacidade de análise crítica; e muitas outras.

Iniciativa do Instituto Ecofuturo, a campanha Eu Quero Minha Biblioteca tem o apoio da Academia Brasileira de Letras, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), do Movimento Brasil Literário, do Movimento Todos Pela Educação, do Instituto Ayrton Senna, do Instituto C&A, do ICE Brasil, do Conselho Federal de Biblioteconomia e da Rede Marista de Solidariedade.


Fonte: <http://blogs.estadao.com.br/estante-de-letrinhas/instituto-ecofuturo-relanca-campanha-eu-quero-minha-biblioteca/>. Acesso em: 25 abr. 2014.

Postado por Felipe Guimarães